Se você é como nós: mulher de pele negra cansada de ficar cinza quando é maquiada pelos outros, vem conosco e cata logo esse guia definitivo da maquiagem para pele negra.
Nós não aguentamos mais a falta de profissionais que verdadeiramente compreendam a pele negra e façam um mínimo de esforço para ver nossa beleza e respeitar nossa cor e traços naturais.
Quando se trata da beleza negra, se você observar bem, vai ver o quanto a indústria, geralmente, é racista e elitista, exclui qualquer pessoa que fuja do “padrão” euro centrado de beleza. Vamos aproveitar e enaltecer profissionais e marcas que sabem muito bem com valorizar a gente e merecem muito aparecer.
Maquiagem para pele negra
Quando a gente fala de maquiagem para pele negra, um guia definitivo, não estamos falando de técnicas mirabolantes. Até porque as técnicas são as mesmas.
Então estamos falando de respeito, de História, de resgate da auto estima da mulher negra e, principalmente da valorização da beleza negra.
Para o rolê não ficar confuso, vamos falar um pouco sobre esses aspectos e inclusive vamos salientar que jamais uma pessoa não negra poderá se dizer especialista em maquiagem para pele negra porque só as pessoas negras têm propriedade, vivência e saber sobre o que é ser negro e quais os problemas a sociedade criou em torno disso.
Problemas esses que até hoje nos atormentam, nos inferiorizam, nos colocam à margem da sociedade e, pior, coloca a mulher negra como a base de toda a cadeia política e social.
O padrão de beleza é euro centrado e nós somos o tempo inteiro lembradas disso — nós aqui somos a mulher negra que nós, autoras, somos.
O cabelo é sempre liso e há milênios nós somos bombardeadas com “soluções” para nossos cabelos problemáticos.
De ferros quentes à “escova agressiva” tudo é inventado e vendido para as que podem pagar o alisamento dos fios crespos ou o controle dos ondulados na esperança de adentrar o “sagrado mundo” – sobre isso indicamos a série Madam C. J Walker.
Depois do cabelo temos a cor da pele: um “problema” que até hoje é marcado por vendas (com números estratosféricos) de cremes clareadores.
E não se engane com os “produtos clareadores de virilhas, axilas, joelhos e cotovelos” que têm com princípio ativo o desconhecimento sobre a melanina e a composição da pele negra, principalmente retinta).
Na maquiagem a coisa também ganha espaço com os contornos de nariz e mandíbula que promovem de uma maneira bem sutil o apagamento dos traços da mulher negra. Afinal nariz largo é feio (leia-se não branco), ne?
Maquiar uma pele negra é conhecer sua formação ancestral, é saber que muito do que hoje temos e usamos começou em Kemet (Egito) e estava lá muito antes do “branco salvador” chegar e usurpar tudo para depois vender como se ideias, conhecimentos e saberes fossem seus.
Falando só de maquiagem: vestígios de produtos já foram encontrados nos sarcófagos de reis e rainhas de Kemet e estão preservados há milhares de anos.
Eles inventaram a beleza e os cosméticos de cuidados com a pele, afinal viver em regiões desérticas faz ser necessário um cuidado com a pele.
História na pele negra
Frascos datados de 2500 a.C. mostram que eles manipulavam com maestria pigmentos de cores branco, vermelho, azul, preto, amarelo e verde, e esses pigmentos eram feitos de cobalto, manganês, chumbo e ferro.
Para esses ancestrais a maquiagem era um adorno, mas principalmente proteção física e espiritual, já que muitas eram feitas para atrair prosperidade, proteção física, segurança contra vírus e bactérias.
A maquiagem era tão importante que reis e rainhas eram maquiados após serem preparados para o embalsamamento porque queria estar protegidos e belos para todo o sempre.
Os sarcófagos eram cópias fieis de seus corpos e a maquiagem também era idêntica para fins de manter a relação com o sagrado e com as divindades reais.
Reconhecer que Kemet foi um berço de descobertas e criações importantes como a Medicina, a Matemática, a Astrologia e a Astronomia, a Escrita e muitas outras coisas são um dos primeiros passos para descolonizar seu pensamento e começar a entrar no mundo da maquiagem.
Antes de Cleópatra eles já usavam maquiagem.
Para aprender mais sobre isso recomendamos alguns perfis no Instagram ricos em conhecimentos embasados nos pilares mais poderosos do saber: ciência e literatura. São elas:
Foi depois de muita troca com elas que nós, enquanto mulheres negras, entendemos que ser uma maquiadora especializada em pele negra está explicitamente ligado à nossa ancestralidade, a resgatar a beleza que fomos ensinadas a odiar em nós mesmas.
Sendo processo, só quem já passou por ele vai entender. É por isso que nós fazemos coro à todas essas que citamos quando dizemos que um não negro jamais vai ser especialista, simplesmente porque fala a vivência.
Mas, que horas vocês vão desvendar o segredo da maquiagem em pele negra, hein? Agora senhora! O segredo para maquiar uma mulher negra é justamente estudar a pele negra.
Mas, principalmente, compreender que todo o conceito de beleza gira em torno de pessoas brancas, de olhos claros e cabelos lisos (sem contar o “quesito” magras!) por isso os produtos também são feitos com padrão euro centrados.
Logo não existem neles os mesmo pigmentos e cores que assentarão bem na pele negra — mal conseguimos produtos para negras mais claras sem ter problemas!
Maquiar uma pele negra consiste em entender de fórmulas e descobrir nelas quais componentes acinzentam na pele negra, é consumir conteúdo de quem entende do assunto com propriedade e aprender com quem de fato merece espaço.
Saber que uma pele negra clara não tem as mesmas características de uma pele retinta, mas, nem por isso está no padrão, embora sofra menos preconceitos, e nem deixa de ser negra.
Ter tato para quando uma cliente sentar na sua cadeira e pedir para você afinar o nariz dela, porque ela acha feio, explicar que ela não é feia e isso é um conceito construído por brancos para nos negar acesso à nossa auto estima.
Um verdadeiro trabalho de formiguinha criar espaço no mundo para que crespos, tranças, perucas, apliques, laces e turbantes sejam vistos como beleza.
É desassociar a negritude do lugar em que ela foi colocada por brancos: é ver pretos e pretas gastando dinheiro com beleza e, principalmente ganhando dinheiro com esse nicho.
Ver pretas se maquiando e consumir produtos e conteúdo feitos por pretas. Assim como valorizar as empreendedoras pretas que estão nos vários salões mundo afora criando seus próprios produtos porque a indústria não nos atende.
Pra te ajudar a aprender mais vamos listar abaixo várias referências em conteúdo e estudos para você aprender com quem estuda de verdade e também várias marcas de cosméticos feitas por pessoas negras para atender às particularidades da nossa beleza.
Eu não sei vocês, mas se o produto é feito por uma pessoa negra a gente aqui dá muito mais valor porque sabemos que ali dentro tem propriedade de fala.
Maquiadoras pretas que mandam muito bem
Para aprender com mulheres negras que fazem a diferença nas redes sociais:
@oicarolsoares, @damatamakeup, @makeupcarolromero @muajulyscosta, @__iicarus, @caiopaza, @vitoriacassia, @regissodre, @katiaaraujomakeup, @jessfigueiredomakeup, @nickyposley
@descobrindoahistoriapreta @muajulyscosta @negravaidosa @falacomamari @hanayránegreiros @influencianegra @afropunk @itscrazysally @savagefiction @emecida @oyurimarcal
Já para comprar produtos de marcas com donos pretos se jogue em algumas opções como:
@negrarosa, @hudabeauty, @muenecosmeticos, @lacre21, @divasblack, @fentybeauty, @beautybakeriemakeup.
O que importa, muito mais do que técnica é saber sobre lugar de fala, sobre dor de ser uma pessoa negra num meio completamente racista, é saber que um preto trabalha, em média, o triplo que um branco para conseguir ganhar 80% menos, é conhecimento que temos que matar um leão por dia para conseguir o que para um branco já nasce garantido.
É pegar a raiva e fazer impulso para vencer.
Bora estudar, bora aprender, bora descolonizar esse pensamento e questionar o que nos foi ensinado.